quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

A primavera entrou na minha casa - parte final

A mãe sabiá e seus dois filhotinhos, que cresceram rápido
e já não estavam mais cabendo no ninho!
Depois da última história do sabiá assustado que construiu seu ninho na viga da varanda da minha casa, várias pessoas me disseram que gostariam de saber o resto da história. Bom, eu quase virei uma cinegrafista do “National Geographic Channel” sempre de olho tentando capturar as melhores imagens. Fui acompanhando o ninho e de repente lá estavam os 2 filhotinhos. Não podia chegar perto, que a mãe sabiá voava pra longe... mas pouco depois voltava, ia para o muro, e mais um pouco já dava para vê-la no ninho, alimentando os filhotes. Muito legal!
Eles cresceram bem rápido. Ontem eu olhei e pensei: já não estão cabendo muito neste ninho. Dito e feito. 

Foto tirada atrás do vidro: agora um
dos filhotinhos estava
na frente de casa, piando
assustado e sozinho!
Hoje ouvi o piado de um deles, na frente da casa. Fui verificar na varanda de trás, e o ninho estava vazio mesmo. Era um dos passarinhos, bem fofinho – pois é, não sei onde o outro foi parar. E pensei: cadê a mãe desnaturada do bichinho? Ele tá sozinho aqui, piando, piando... coitado! Para meu alívio, a mãe sabiá surgiu, com uma amora no bico. Pensei que ia alimentar o filhote, mas não. 
A mãe sabiá apareceu com uma
amora no bico.
Era só uma isca. Ela chegava bem perto, o sabiazinho ficava todo ouriçado, mas aí ela andava para um lado e para o outro, voava pra cima do muro, parecia que estava conversando com ele num tom gutural, às vezes suave, outras vezes meio nervoso. Na minha cabeça, a tradução era essa: “vem meu filho, vem com a mamãe! Vamos voar... vem, menino, vem, vem, vem!! Já estou ficando impaciente. Acredite, você consegue! Quer uma amora? Olha só como ela está bonita... vem pegar!!!”. E ficou nessa um tempão. Gravei uns 3 minutos deste vai e vem, coloquei no link lá embaixo para quem quiser ver!
Em primeiro plano o filhotinho e ao fundo a mãe sabiá,
que andava de lá para cá, com a amora no bico.
É incrível ver este instinto e inteligência dos animais, a forma como as coisas foram acontecendo – o canto do sabiá, o ninho perfeitamente construído, os filhotinhos nascendo e crescendo, e agora o desafio de voar! E é inevitável pensar nos paralelos com o ciclo de vida da gente – namorar, casar, ter casa, filhos e depois dar um jeito deles “voarem”, deixando o ninho vazio e vivendo suas próprias aventuras pelo mundo afora!

Mas eu pensei também na forma como Deus tem me tratado – com tanto amor e cuidado, mas também me empurrando pra fora do ninho, da minha zona de conforto, e às vezes me fazendo achar que “fiquei sozinha” quando na verdade Ele quer que eu vença meus medos e mexa minhas “asas”.  Gente insegura como eu (e como o sabiazinho) precisa entender que Deus tem prazer em nos ver fazendo aquilo que Ele já nos deu capacidade para fazer. Que Ele se deleita em nosso crescimento e no desenvolvimento dos nossos dons. Que Ele nos encoraja a tomar decisões e parar de ter tanto medo.


Muitas mães são superprotetoras. A mãe sabiá não é não. Até onde acompanhei a história, o filhotinho ainda não tinha voado, mas atravessou a rua (e o meu medo de um carro passar e atropelar aquela coisinha fofa?) e encontrou a mãe do outro lado... que continuava aquela conversa de “vem, vamos voar!”. Nós às vezes não somos apenas superprotetores com filhos, somos com a gente mesmo. Mas Deus não é não. Ele cuida de nós, ao mesmo tempo que insiste: vem, vamos voar?

Nane.

Assista a um pequeno vídeo com cenas da mãe chamando o filho para voar: http://www.youtube.com/watch?v=WsnjZRY77TE&feature=youtu.be