sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

2019... e o lamento


Certo. Já temos ouvido bastante sobre a gratidão. Sim. Sou muito, muito grata por muitas coisas que aconteceram em 2019.

Mas o que dizer do lamento?

Não estou falando de reclamação, murmuração... estou falando de lamento.
O lamento me parece mais doído e menos leviano.

Esta palavra traz para mim um sentido de contemplação da dor, de encontro com a tristeza. Traz uma carga de realidade que não pode ser ignorada. Tem as cores do arrependimento e do pesar. O dicionário amplia o conceito, insere a poesia, a tragédia, o clamor.

Mas por que pensar no lamento em plena época de festas? O que se busca é olhar para trás com gratidão e para a frente com esperança. O lamento, ainda assim, tem o seu lugar.

É tão importante que há um livro na Bíblia dedicado apenas ao lamento[1]. E com ele, eu aprendo a lamentar... e descubro que a canção começa com notas tristes, menores, fúnebres. Ali está a dor nua e crua. As perdas, as vestes de luto, o desespero. Não vamos fingir que estas coisas não existem. Vamos encará-las. Vamos absorver a dor. Vamos reconhecer que erramos, que erraram conosco, que nem tudo aconteceu como sonhamos e planejamos.

Lendo o livro de lamentações eu aprendo que Deus não me chama para fugir da realidade, entrar num transe e fingir que tudo é perfeito. Mas sou desafiada a olhar para a dor, quem sabe devagar, aos poucos, e reconhecê-la como parte da minha vida.

Uma parte temporária, mas real.

Eu aprendo também que no meio disso tudo, há lugar para a esperança. E que é bom e necessário trazê-la à memória – bem no meio do canto de lamento. E recordar que Deus não muda, que Ele é bom, que sou amada por Ele e que a sua misericórdia é a causa de não sermos consumidos.

Após esta pausa, este olhar para a luz, eu posso novamente contemplar a dor. Ela está ali, mas não é palavra final. Não é ela que me define. Eu já não sou uma vítima. Não será o lamento minha única canção. E, no fim de tudo, eu termino com mais uma nota de esperança. O dia virá em que Ele porá sobre os que estão de luto uma coroa em vez de cinzas, óleo de alegria em vez de pranto e veste de louvor em vez de espírito angustiado[2].

Isso tudo me faz pensar e querer convidar você a usar este tempo propício à reflexão, para lamentar também. Não há problema nisso. E ao lamentar, siga um caminho seguro: olhar a dor, olhar o Amor, olhar a dor novamente à luz do Amor, contemplar o futuro com Esperança... e nunca, jamais, perder a Fé[3].

Nane.


[1] A leitura dos apenas 5 capítulos do livro de Lamentações ajudará a leitura a fazer mais sentido a você.
[2] Isaías 61:3.
[3] 1 Ts 1:3

quinta-feira, 28 de março de 2019

Vimos o mar se abrir... e esquecemos.


Depois de três décadas de vida cristã, a gente começa a tirar algumas conclusões. Uma delas, para mim, é que somos submetidos, continuamente, ao “Teste de Confiança”.

Preste atenção: em qualquer situação da vida, mas em especial naquelas mais difíceis, se você observar bem, especialmente aquela realidade que “os olhos não podem ver”, há uma frase, uma mensagem, um convite que se repete. “Confie em mim”.

Mas quem repetidamente nos diz isso, não é ninguém menos do que o Pai.

E por que é tão difícil confiar? Já não vimos coisas maravilhosas acontecerem? Não temos testemunho de livramentos, bênçãos, consolo, provisão e cuidado?

Não vimos o mar se abrir diante de nós?

Nos últimos meses tenho lido sobre a história de Israel. Quem não fica indignado ao ver a rebeldia do povo, mesmo depois de ter testemunhado as 10 pragas, o mar se abrir, a coluna de fogo, a grande nuvem, o maná... e por aí vai? Seja sincero: você já não se pegou pensando que “se tivesse visto tantas maravilhas”, cheias de efeitos especiais, seria um crente mais fervoroso?

Pode ser que tenha pensado isso. Mas se continuou pensando... e lembrando... terá que admitir que você não é muito diferente daquela gente. Sim, eu sinceramente tenho dúvidas se seria mais crente se tivesse testemunhado aqueles sinais incríveis.

“Como vocês custam a entender e como demoram a crer...” (palavras de Jesus, em Lucas 24:25). E assim, nosso coração se endurece, a dúvida toma conta, o desespero, a busca por resolver as coisas na força do nosso braço... e vivemos momentos de cegueira espiritual, feito barata tonta, como se Deus fosse abstrato demais, distante demais, inacessível ou simplesmente distraído.

É incrível nossa capacidade de esquecer quem Deus é, e pior ainda, quem Deus é para nós. A incredulidade definitivamente é como um fermento, basta um tiquinho lá na alma pra nos contaminar por inteiro.

É por isso que precisamos tanto uns dos outros. Precisamos de alguém que nos fale: “confia em Deus”. Precisamos das músicas que nos tragam à memória o que nos dá esperança. Precisamos nos congregar e ser lembrados, de novo e de novo, de tudo o que já esquecemos. Precisamos parar tudo e olhar nos olhos de Jesus. E então, ouvir sua voz, vê-lo partir o pão, reconhecer que Ele está aqui, que não nos deixou. E sim, que PODEMOS CONFIAR.

Nane.

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

QUERO FALAR SOBRE DINHEIRO


Os candidatos a um cargo público fizeram o registro de suas candidaturas e declararam seus bens. Ao ouvir os valores, bate uma sensação estranha: uau! Nem sei o que isso significa...

A verdade é que enquanto muitos ao meu redor reclamam da falta de dinheiro, e cada novo desafio financeiro parece estremecer a alma e os ossos, há outro tanto que não está sofrendo assim. Nem estou falando de políticos ou pessoas ricas. Será que entre nós não existem aqueles que têm recursos suficientes para si mesmos e para ajudar os que não tem? Muitos acabam endividados não porque têm pouco dinheiro, mas porque gastam muito para manter um padrão de vida elevado. E nem percebem, porque todos ao seu redor fazem o mesmo.

Estou pensando nessas coisas porque recentemente li vários textos na Bíblia, quase que “por acidente”, que falavam das mesmas coisas. Aquele princípio do “maná”, em que todos recolhiam o tanto que precisavam. Não ia faltar nem sobrar pra mim, mesmo que as quantidades fossem diferentes. Então a igualdade não está no valor absoluto do que cada um tem, mas em não sobrar para uns e faltar para outros. Vemos isso na igreja primitiva em Atos, e vemos Paulo repetindo estes princípios aos coríntios quando os desafiava a doar para ajudar os irmãos judeus pobres de Jerusalém.

Sabemos que Deus é generoso e que Jesus se esvaziou de sua glória e se fez pobre para nos alcançar. A Bíblia não proíbe a riqueza material, mas desafia os ricos a serem generosos. É engraçado, mas tenho visto mais pobres generosos, do que ricos generosos.

Fica aqui meu desabafo e meu desafio. Se você tem o suficiente para compartilhar, compartilhe. Não consuma tudo sozinho. Não deixe sobrar, enquanto está faltando para o seu irmão do lado. Nem precisa ir muito longe, com certeza tem alguém perto de você precisando da sua generosidade.

É isso aí!
Nane.

sexta-feira, 9 de março de 2018

A tentação de duvidar


Na devocional de hoje, em determinado momento, comecei a fazer a oração do “Pai Nosso”. Ao orar “não me deixes cair em tentação”, pedi ao Senhor que me livrasse da tentação de duvidar de sua bondade e amor. Essa é a pior tentação – a que Satanás usou contra Jesus, procurando trazer dúvida sobre a palavra do Pai, que afirmou em alta voz que Ele era o seu Filho Amado, em quem tem prazer.

Pedi então ao Espírito que mantivesse meus olhos abertos para não perder de vista que Jesus me ama muito, incondicionalmente, e que eu posso confiar na fidelidade dEle, em sua bondade, poder e caráter.

Minha mente deu um salto e lembrei do jovem Davi. Com certeza ao enfrentar Golias, ele não estava confiando no seu estilingue! Ele acreditava piamente no Senhor dos Exércitos, e achava de fato um grande desaforo que aquele “incircunciso” estivesse desafiando o povo de Deus. 

Mas ele não teve que enfrentar apenas o gigante. Davi era um garoto que ninguém botava fé: um dos seus irmãos já tinha implicado com ele, dizendo palavras ásperas quando ele apareceu lá no campo de batalha levando a marmita. Ele era apenas um caçula esquecido no campo, cuidando das ovelhas, enquanto o pai apresentava os outros filhos “robustos” ao profeta Samuel. Mesmo assim, Davi acreditava tanto em Deus que já havia vencido um urso e um leão, de forma que para ele não seria diferente vencer o novo desafio – o gigante.

Davi não caiu na tentação de se apegar à opinião pública – ao desprezo da família, à sua aparência “bela” de um caçulinha “café com leite”, à ausência de armadura ou aparatos de guerra, à fragilidade de um estilingue, ao status de pastor de ovelhas, ao medo que o gigante causava em todos. Ele simplesmente acreditou radicalmente no poder de Deus, na sua aliança com seu povo, no seu caráter imutável.

Talvez por isso Davi era um homem segundo o coração de Deus. Sua pureza em simplesmente crer foi o que o justificou. Esta fé foi provada, depurada no fogo, teve altos e baixos... mas foi o que deu vitória a ele, até o fim de sua vida.

“E esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé”. (1 João 5:4).

Nane.

terça-feira, 5 de setembro de 2017

Sou mais do que isso

Todos nós temos algumas características marcantes.

A minha é a “organização”. Há muitos anos comecei a ouvir “piadas” sobre isso, afinal, na nossa cultura, ser organizado é quase um “defeito”. Recebi o rótulo bem cedo, e com ele adjetivos de todo tipo: “a Eliane é 4x4, muito competente, super organizada, inflexível, faz tudo com excelência, tudo precisa sair como o planejado, vixe ela vai dar bronca”, etc.etc.

Um dia eu tive que aceitar o fato e aprender a me aceitar assim, retendo o que é bom nos comentários e deixando pra lá o que não me ajuda em nada.

Mas sabe... eu sou mais do que isso. Muito mais!

Os rótulos ajudam um pouco e atrapalham muito. Quando identificamos um traço forte em alguém e colocamos um rótulo invisível na testa da pessoa, ficamos aliviados. Sabemos o que esperar, como agir, ouvir, falar. Queremos previsibilidade. Isso é bom – mas é assim que surgem os estereótipos.

Os rótulos atrapalham muito porque nos deixam cegos para todo um universo misterioso que cada ser humano é. Sim, eu sou organizada em geral... mas também tenho minhas gavetas caóticas, meus arquivos embaralhados, meus processos confusos. Aliás, eu sou confusa. Não me peça para improvisar, ou talvez, só um pouco. Estou aprendendo ainda. Minha organização fala muito sobre minhas necessidades, compensações, busca de equilíbrio interno.

Eu sou organizada, mas também sou prolixa. Sou insegura e ansiosa. Sou muito carinhosa e carente. Tenho uma capacidade quase doentia de ser empática. Sou dramática. Sou apaixonada por Jesus. Adoro aprender e descobrir. Amo divagar, e por sinal sou meio lerda e muitas vezes estabanada. Detesto início de festas, adoro o finalzinho – queria que não acabasse nunca. Mas não gosto de organizar festas. Adoro conversar sozinha e rir de mim mesma. Tenho a tendência a idealizar, fantasiar. Sou desligada com aniversários. Não posso fazer torrada porque elas sempre queimam. Não sabia cozinhar, e agora já sei fazer muitas coisas deliciosas. Nunca sinto que tenho a idade que tenho. Quero terminar bem – com saúde no corpo, na mente e no espírito.

Este post está meio “egocêntrico” e já digo que não sou assim. Embora eu goste muito de descobrir quem eu sou e no que estou me tornando. Mas tenho dificuldade com quem faz muita propaganda de si mesmo.

Resolvi dizer estas coisas só para chamar atenção pro fato de que as pessoas são MUITO MAIS do que os rótulos que colocamos nelas. Cuidado. Cada ser humano é um oceano infinito de possibilidades. Pense nisso!

Nane.

"Os propósitos do coração do homem são águas profundas, mas quem tem discernimento os traz à tona". Provérbios 20:5

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Por que toda essa carência, se você tem a mim?


Foi mais ou menos isso que Elcana disse para Ana, que tanto sofria por não ter filhos: "Ana, por que você está chorando? Por que não come? Por que está triste? Será que eu não sou melhor para você do que dez filhos?" (1 Samuel 1:8)

Qualquer mulher facilmente vai entender o sentimento de Ana... dizemos logo assim, “ah, mas não é a mesma coisa...”.

Sim, Ana tinha um marido que a amava, mas ela queria filhos... não é a mesma coisa.

Mas o que dizer das Anas que têm o amor dos filhos, mas não de um marido? Elas se sentem “completas”?

Fico pensando como foi mais um Dia dos Namorados para aquelas pessoas que “sofrem de amor” ou com a falta dele. Como será que fica, ver na internet tantas declarações maravilhosas... Realmente as redes sociais têm um lado “sado-masoquista”, é melhor usar com moderação...

Se não temos marido (ou esposa), queremos alguém que nos ame. Se não temos filhos, queremos mais do que tudo. Se temos as duas coisas, queremos que sejam melhores. Ou um emprego melhor. Ou uma casa. Ou mais dinheiro. Sim, nós já temos muitas coisas, mas somos sempre carentes.

Se o gênio da lâmpada mágica aparecesse, será que teríamos apenas 3 pedidos?

Assim como Elcana perguntou para Ana, acho que Deus pergunta pra nós: “será que eu não sou melhor para você do que...?”

Temos a Deus, e isso não é o bastante? Sim, não é a mesma coisa... “é bom que o homem não fique só”. Porém, muitas vezes, reclamamos demais. De barriga cheia.

Só quero que responda a esta pergunta, imaginando que Jesus está olhando nos seus olhos: “por que toda essa carência, se você tem a Mim?”

Não precisamos ir a Jesus só quando não temos mais nada – ou mais ninguém. 
Infelizmente, só descobrimos que Ele é tudo o que precisamos quando chegamos ao fundo do poço. Mas antes, hoje, enquanto simplesmente nos lamentamos em nossas carências, que tal recebermos seu amor, seu afeto, sua graça, sua bondade, sua abundância? Que tal lamentarmos nos seus braços e experimentarmos o consolo que ninguém mais pode nos dar? Que tal sermos surpreendidos por sua alegria, e pelas “delícias perpétuas” que há em sua presença?

Chega de tanta carência. Temos Jesus!

Nane.


quarta-feira, 4 de maio de 2016

O primeiro dia do resto de nossas vidas

Amo esta expressão!

Como ela me enche de esperança. E como ela é verdadeira!

Certo dia eu estava na academia, me debatendo em mil pensamentos enquanto fazia meu exercício aeróbico. E então me veio à mente a lembrança do perdão de Deus.

Que verdade poderosa!! Que revolução! Eu pedi perdão mais uma vez ao Senhor pelos pecados que me afligiam, os meus e os dos outros (que me afetavam). Então o Senhor me lavou! Ali mesmo, no meio da academia, senti a incrível presença de Jesus me assegurando: “Eliane, eu te perdoei! Eu passei uma borracha em tudo, você está absolutamente zerada! Apaguei! Não há dívida alguma!” Uau!! Eu pensei: este é o primeiro dia do resto da minha vida!



E não é assim mesmo a cada manhã? As misericórdias do Senhor se renovaram e são derramadas sobre nossas vidas. Deus nos espera desejando nos perdoar, nos redimir, lavar nosso coração, nos tomar de novo pela mão, nos conduzir. Não preciso ficar remoendo o passado, cabisbaixa, desanimada, abatida. Mesmo que o coração ainda esteja doendo das “pancadas da vida”, é um novo dia, literalmente um novo dia!

Aprendi na vida que recaídas são comuns na caminhada. Os pequenos fracassos apenas apontam que não fomos completamente transformados, que estamos “em obras”. Precisamos mudar nosso jeito de olhar as coisas e buscar em Deus força pra continuar crendo, pra levantar de novo, de novo, de novo. 
É muito pior ficar caído.

Aprendi também, nas minhas leituras em Coaching, que quando um plano de ação (passos traçados entre uma sessão e outra) não é plenamente cumprido, precisamos fazer algumas perguntas pra entender melhor o que está acontecendo: “estamos realmente motivados e comprometidos com a mudança? Que obstáculos surgiram e como posso me prevenir da próxima vez? Vale a pena tentar de novo?”. E quando a gente chega à conclusão de que precisa tentar mais uma vez, o certo é simplesmente “resetar” e recomeçar. Reprogramar a rota dali mesmo onde parou, respirar fundo, e colocar o pé na estrada. De novo.

Melhor do que ficar se lamentando em relação ao que passou, é refletir nas lições que a experiência nos trouxe, provar do perdão e misericórdia de Deus, “zerar o contador”, tomar fôlego e fazer deste o primeiro dia do resto da nossa vida!

P.S.1:  Se esta mensagem ajudou você a se animar e retomar algum projeto importante que havia desistido, ou então buscar e tomar posse do perdão de Deus para a sua vida, passe adiante! Leve encorajamento a quem estiver precisando.

P.S.2: Se você precisa de encorajamento em especial para algum projeto importante da sua vida – uma mudança, um alvo, uma decisão – o Coaching é o ambiente ideal para isso. Vamos caminhar juntos?

Fale comigo!

www.nanecoach.com