A mãe sabiá e seus dois filhotinhos, que cresceram rápido e já não estavam mais cabendo no ninho! |
Depois da última história do sabiá assustado que construiu
seu ninho na viga da varanda da minha casa, várias pessoas me disseram que
gostariam de saber o resto da história. Bom, eu quase virei uma cinegrafista do
“National Geographic Channel” sempre de olho tentando capturar as melhores
imagens. Fui acompanhando o ninho e de repente lá estavam os 2 filhotinhos. Não
podia chegar perto, que a mãe sabiá voava pra longe... mas pouco depois
voltava, ia para o muro, e mais um pouco já dava para vê-la no ninho,
alimentando os filhotes. Muito legal!
Eles cresceram bem rápido. Ontem eu olhei e pensei: já não
estão cabendo muito neste ninho. Dito e feito.
Foto tirada atrás do vidro: agora um dos filhotinhos estava na frente de casa, piando assustado e sozinho! |
Hoje ouvi o piado de um deles,
na frente da casa. Fui verificar na varanda de trás, e o ninho estava vazio mesmo. Era um dos
passarinhos, bem fofinho – pois é, não sei onde o outro foi parar. E pensei:
cadê a mãe desnaturada do bichinho? Ele tá sozinho aqui, piando, piando...
coitado! Para meu alívio, a mãe sabiá surgiu, com uma amora no bico. Pensei que
ia alimentar o filhote, mas não.
A mãe sabiá apareceu com uma amora no bico. |
Era só uma isca. Ela chegava bem perto, o
sabiazinho ficava todo ouriçado, mas aí ela andava para um lado e para o outro,
voava pra cima do muro, parecia que estava conversando com ele num tom gutural,
às vezes suave, outras vezes meio nervoso. Na minha cabeça, a tradução era
essa: “vem meu filho, vem com a mamãe! Vamos voar... vem, menino, vem, vem,
vem!! Já estou ficando impaciente. Acredite, você consegue! Quer uma amora?
Olha só como ela está bonita... vem pegar!!!”. E ficou nessa um tempão. Gravei
uns 3 minutos deste vai e vem, coloquei no link lá embaixo para quem quiser
ver!
Em primeiro plano o filhotinho e ao fundo a mãe sabiá, que andava de lá para cá, com a amora no bico. |
É incrível ver este instinto e inteligência dos animais, a
forma como as coisas foram acontecendo – o canto do sabiá, o ninho
perfeitamente construído, os filhotinhos nascendo e crescendo, e agora o
desafio de voar! E é inevitável pensar nos paralelos com o ciclo de vida da
gente – namorar, casar, ter casa, filhos e depois dar um jeito deles “voarem”,
deixando o ninho vazio e vivendo suas próprias aventuras pelo mundo afora!
Mas eu pensei também
na forma como Deus tem me tratado – com tanto amor e cuidado, mas também me
empurrando pra fora do ninho, da minha zona de conforto, e às vezes me fazendo
achar que “fiquei sozinha” quando na verdade Ele quer que eu vença meus medos e
mexa minhas “asas”. Gente insegura
como eu (e como o sabiazinho) precisa entender que Deus tem prazer em nos ver
fazendo aquilo que Ele já nos deu capacidade para fazer. Que Ele se deleita em
nosso crescimento e no desenvolvimento dos nossos dons. Que Ele nos encoraja a
tomar decisões e parar de ter tanto medo.
Muitas mães são superprotetoras. A mãe sabiá não é não. Até
onde acompanhei a história, o filhotinho ainda não tinha voado, mas atravessou
a rua (e o meu medo de um carro passar e atropelar aquela coisinha fofa?) e
encontrou a mãe do outro lado... que continuava aquela conversa de “vem, vamos
voar!”. Nós às vezes não somos apenas superprotetores com filhos, somos com a
gente mesmo. Mas Deus não é não. Ele cuida de nós, ao mesmo tempo que insiste:
vem, vamos voar?
Nane.
Assista a um pequeno vídeo com cenas da mãe chamando o filho para voar: http://www.youtube.com/watch?v=WsnjZRY77TE&feature=youtu.be